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O tomate nas CEASAS brasileiras e na CEAGESP de São Paulo



O tomate (Solanum lycopersicum) é a segunda hortaliças mais importantes no mundo, somente a batata, irmã do mesmo gênero e origem, é mais cultivada e produzida. Originário do altiplano andino entre o Equador e o Norte do Chile, ainda antes da chegada dos espanhóis foi levado para o México onde começou a ser cultivado e melhorado pelos astecas e outros povos. Muito provavelmente o tomateiro primitivo produzia frutos pequenos, amarelos ou vermelhos, de tamanho próximo aos tomates cerejas atuais. Os espanhóis o levaram para a Europa como planta ornamental. O consumo não foi imediato, os europeus tinham medo de uma suposta toxidade do frutinho.  O mais antigo livro de receita com tomates foi publicado em Nápoles em 1692. O tomate foi definitivamente incorporado à culinária de Península Itálica no final do século XVII ou início do século XVIII.

A partir da Europa o tomate ganhou o mundo, foi melhorado e modificado geneticamente em diversas formas, colorações de frutos e sabores de frutos.  Nos tempos atuais tem imenso destaque em diversas culinárias. Ao Brasil chegou pela via europeia, trazido pelos imigrantes do Sul da Europa.

O altiplano andino apresenta um clima ameno, seco e com uma boa diferença entre a temperatura do dia e da noite. O clima mediterrâneo é semelhante e assim nele o tomate se adaptou muito bem e passou a ter imensa importância na culinária dos países banhados pelo mar com o mesmo nome. No Brasil, onde a maior parte do território tem clima tropical, a produção não é tão fácil. A busca por um clima mais adequado à produção da hortaliça herbácea, com ciclo de 4 a 7 meses do plantio à última colheita, dita completamente a dinâmica da comercialização nas CEASAS brasileiras. Excesso de calor leva à queda de qualidade dos frutos com pouco desenvolvimento da coloração vermelha, chuva e calor favorecem doenças que podem inviabilizar a produção. Assim ao longo do ano, há uma alternância de regiões produtoras para que o ciclo da planta ocorra nas melhores condições possíveis. Infelizmente não conseguimos condições tão ideais como na Europa Mediterrânea. Isto explica o motivo que normalmente os meses de preços mais altos do tomate sejam março, abril e maio. O tomateiro não se dá bem com verão e muita chuva. Mas como a demanda é constante, agricultores conseguem produzir neste período, logicamente com perda de qualidade e custos maiores. Não é à toa que volta e meia o tomate é considerado o vilão da inflação, com condições muito adversas para produzir o produto fica escasso, sempre há uma demanda pelo consumo muito alto, já que não há substitutos, e o preço dispara.

A popularidade do tomate se reflete nos dados das CEASAS brasileiras. Dentre as centrais brasileiras que fazem parte do PROHORT da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) o tomate foi o segundo produto mais comercializado em 2020, foram comercializadas 820 mil toneladas por um valor de 2,2 bilhões de reais. No Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP, maior praça na comercialização de tomates no Brasil, 246 mil toneladas de tomate foram vendidas por 685 milhões de reais segundo os dados da Seção de Economia e Desenvolvimento. Na CEAGESP de São Paulo é o segundo produto mais comercializado, perde apenas para a laranja, e o primeiro em valor de comercialização.

Fato curioso na CEAGESP paulistana é que a oferta não varia muito ao longo do ano. Dificuldades climáticas a parte, a central é muito atrativa pela grande capacidade de escoamento e acaba sempre abastecida, mesmo que haja pouca produção no campo. As variações de preços ocorrem muito mais pelos acontecimentos na roça e a dificuldade de captação do produto. A maior parte do tomate vendido na central de São Paulo vem de São Paulo e Minas Gerais. No final do verão, período de maior dificuldade de produção, o Sudoeste Paulista onde se destacam municípios como Ribeirão Branco, Apiaí e Capão Bonito, que também é o nome da microrregião, é responsável pela maior parte do abastecimento. A região tem uma certa dificuldade devido ao relevo acidentado e chuvas, mas por outro lado a altitude torna o clima mais ameno no verão e possibilita a produção, mesmo com um custo maior. No outono, inverno e começo do verão a maior parte do abastecimento de São Paulo vem das microrregiões de Piedade próxima à Sorocaba, da microrregião de Campinas, mas com destaque para Mogi Guaçu e arredores e das microrregiões mineiras de Santa Rita de Cássia, onde Turvolândia é o município mais importante e São Sebastião do Paraíso, ambas no Sudoeste de Minas Gerais. Há várias produções complementares, como Santa Catarina que envia no mesmo período do Sudoeste Paulista.

No Entreposto Terminal de São Paulo, 223 permissionários comercializaram tomate em 2020, mas apenas oito deles são responsáveis por 50% da oferta.

Por Gabriel Bitencourt de Almeida – Engenheiro agrônomo e chefe da Seção de Qualidade Hortigranjeira da CEAGESP.

Fontes usadas:

FILGUEIRA, Fernando Antonio Reis. Novo Manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2003. 411 p.

WIKEPEDIA. Tomato. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Tomato. Acesso em: 09 mar. 2021.








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